Boa Diversão

Toda riqueza do Hip-hop-soul de ‘Tina’ em ‘Mina de Ouro’...

Sua história na música tem início quando ainda criança, na cidade interiorana de Dracena (SP), sob as fortes influências de sua mãe, que atuava como cantora lírica do coral católico ‘Filhas de Maria’. Em 1990, já residindo na Capital Paulista, foi impactada pela magia do hip-hop, fato que a impulsionou a dar o norte que faltava em sua carreira. Seu primeiro grupo, ‘Negritude Posse’, formado por ela, ‘Meri’ e ‘DJ Alpiste’ (com quem se casou), recebeu a oportunidade de abrir o show de lançamento do álbum ‘Escolha Seu Caminho’, dos ‘Racionais MCs’, na quadra do ‘GRES Rosas de Ouro’, em 1992. Despertada pela Palavra de Deus, em 1993 passou a congregar na Igreja Renascer Em Cristo, onde integrou como corista do coral ‘Renascer Prise’, algum tempo depois. Em versão solo, destacou-se no clássico de ‘Contos da Sul’, do álbum ‘2a Vinda: A Cura’, do grupo ‘Apocalipse XVI’, em 2000 e nesse mesmo ano atendeu o convite da gravadora ‘Trama’ para participar na faixa remix ‘Mais Um Lamento’, produzida pelo cantor black ‘Silvera’, para o álbum de Simonhina’, que só sairia em 2002. Ainda neste período, concluiu seu projeto solo: o CD ‘Atitude’, com destaque para a faixa ‘La Tina’, que contou com a participação especial de nada mais nada menos que ‘Pregador Luo’. A partir de então, passou a colecionar uma série de aparições importantes junto a trabalhos de renomes como ‘FLG, DJ Alpiste, APC 16, Raiz Coral, Justing Voices, Soul Rapaziada, Dexter’, entre outros. Em 2003 idealizou o grupo secular ‘A - T - A - L’, formado por ela, e as rappers ‘Angélica’ e ‘Luana’. Hoje, retornando a sua versão solo e respirando novamente os ares do gospel, ela emerge novamente com seu mais novo álbum: ‘Mina de Ouro’, previsto para o final de Outubro, trazendo em sua bagagem o lançamento vídeo clipe da faixa ‘Mentiras’. Esta é Maria Cristina, a ‘Tina’, como é identificada pelo seu público. Mãe dos adolescentes Lucas (13) e Davi (10), ela concilia os afazeres do lar com o dom especial presenteado por Deus para alcançar vidas: cantar...

TR.

Rio Festa - Antes da black music, você lidava com outro gênero musical?

Tina - Eu sempre mantive o contato com a música negra, mas sempre ouvi outras músicas, como o sertanejo, por exemplo, por causa do meu pai e minha mãe. E como todo negro brasileiro fui influenciada por Sandra de Sá, Diana Ross, Michael Jackson, Tim Maia, etc.

RF - E quanto ao hip-hop, como se deu sua iniciação?

Tina - Quem me apresentou para o hip-hop foi DJ Alpiste; e dentro desse movimento eu me identifiquei, mas com a música rap, foi logo que comecei a ouvir, Salt N‘ Pepa, Queen Latifah, MC Lyte, Nifertiti, Yo Yo, etc.

RF - Independente ao rap, você também é uma entusiasta do r&b e do soul. Foi muito difícil de desenvolver esse dom de cantar black music? Você teve algum professor em especial?

Tina - Nada é fácil, tudo tem um preço a ser pago. Estudo há alguns anos e continuo estudando música. A maior dificuldade que encontro hoje é um tempo disponível para poder me dedicar ainda mais, pois tenho vários afazeres. Você sabe, a vida da mulher fica dividida entre a família e o trabalho, mas quando se gosta do que faz, você não encara as dificuldades não como um peso, mas sim como mais uma vitória já conquistada. Fui aluna dos mestres Jorge Sarmiento e Robson nascimento e atualmente estudo com Davi Pereira.

RF - Em toda a história do hip-hop, poucos são os registros de mulheres que colaboraram com o crescimento de nossa Cultura, reduzindo estas a um número muito inferior se comparado ao quantitativo masculino. Você acredita que isso seja um reflexo do machismo incutido no Movimento?

Tina - Sem dúvida, nós vivemos num país machista e no rap não seria diferente, sendo esta uma das primeiras barreiras. Também existe a barreira financeira que nos impede de colocar o trabalho na rua. Acho que a mulher precisa ser mais companheira, mais amiga, pra que seja tudo mais forte, porque enquanto existir sentimentos de inveja, despeito e arrogância, esse mesmo sentimento tomará muito espaço e acabará não havendo lugar para o profissionalismo. Respeito e humildade é que devem ser os grandes responsáveis pelo nosso aprendizado. O machismo oprime e humilha. O feminismo também. O sucesso de qualquer trajetória se deve ao equilíbrio de tudo isso.

RF - Particularmente, você chegou a sofrer algum preconceito por parte dos homens do Movimento?

Tina – Não, nenhuma pessoa específica me descriminou, mas eu, como mulher, sinto um certo desconforto quando me deparo com homens que tratam a mulher (que é o Símbolo da Vida) como Vagabunda. Eu tenho uma pergunta pra os homens: por acaso vocês vieram de onde? O mesmo respeito que se tem pela mãe, tem que ter com toda e qualquer mulher.

RF - Você também faz parte de uma linha que está crescendo assustadoramente no Brasil: o ‘black gospel’. Como a Tina observa esse crescimento? Existe o entendimento e o respeito devido para a mulher manifestar o seu trabalho nesse meio?

Tina - Acho muito positivo e merecido o crescimento do Black Gospel no Brasil, pois nós temos grandes músicos, grandes intérpretes que dão a sua vida como levitas na casa do Senhor. Acho incomparável a musicalidade e o talento, pois é graça de Deus. A nossa voz pode ser ouvida e a nossa raiz é respeitada. O entendimento e o respeito no black gospel já vêm desde o altar: não existe problema neste sentido pois somos mulheres adoradoras.

RF - Você foi a mentora intelectual do grupo ‘A - T - A - L’. E agora, o grupo continua com ou sem a Tina, ou existem outros projetos sendo desenvolvidos pelas demais componentes?

Tina - Continua sem a TINA. Estou focada no meu trabalho solo e eu estou priorizando o meu ministério e este meu segundo CD (Mina de Ouro). Todo o meu tempo ficou para a divulgação do CD ‘Coisas Que Você Precisa Ouvir’ do DJ Alpiste, que antecede a este meu álbum.

RF - O ‘A - T - A - L’ foi o responsável pela faixa-tema do filme ‘Antônia’ da diretora ‘Tatá Amaral’, que dará origem à série que será Rede Globo Sendo assim a faixa ‘Antônia’ permanece na trilha sonora desta série?

Tina - Não, ela não vai entrar, pois foi feita para o filme Antonia, e também por questões de burocracias. Mas ela existe e está gravada no CD Demo do grupo A - T - A – L.

RF - Vamos falar de seu novo projeto. Como você compara o álbum ‘Atitude’ com o ‘Mina de Ouro’?

Tina - Estou vivendo uma nova fase na minha vida. Tantos o CD Atitude, quanto o Mina de Ouro, para mim são maravilhosos. A diferença é que no ‘Mina de Ouro’, venho cantando mais, ele é hip-hop-soul. Eu venho me preparando pra fazer um trabalho como este há muito tempo e estou muito feliz com o resultado!

RF - Qual o significado do título ‘Mina de Ouro’?

Tina - É duplo sentido, tem a ver com ‘Meu Tesouro’. Ele trata da Palavra de Deus e fala do amor com alegria e gratidão. Pessoas muito talentosas participaram deste trabalho. Deus me deu toda para esse projeto. É o disco! O outro significado está na salvação em Jesus Cristo: ela é o maior tesouro que o homem pode possuir. Ele sim é a verdadeira ‘Mina de Ouro’.

RF - Como o álbum ‘Atitude’, o ‘Mina de Ouro’ também é um álbum gospel?

Tina - Sim, todos os meus trabalhos solo foram feitos para o Senhor. Esse é o meu real prazer. Não quero me arrepender como ‘James Brown’, que quando perguntado numa entrevista sobre o que não fez, disse que gostaria de ter feito um disco gospel.

RF - Como foi trabalhar a produção do ‘Mina de Ouro’ ao lado de nomes como ‘DJ Alpiste, Marden Jam e DJ Roger’?

Tina - Foi um Presente de Deus ter do meu lado profissionais como o ‘DJ Alpiste’, o ‘DJ Roger’ e o ‘Marden Jam’. Eles conseguiram captar exatamente o que eu queria nas músicas com muita sensibilidade, criatividade e bom gosto.

RF - A Tina costuma ouvir o que em sua discoteca particular?

Tina - Faith Evans, Mary J. Blidge, Mary Mary, Trinity 5.7, Yolanda Adams, Patti La Belle, Aretha Franklin, Missy Elliot, Coral Resgate, Scooby, entre outros...

RF - Você retira alguma inspiração do acervo de sua discoteca?

Tina - Minha inspiração vem de músicas antigas também como: ‘Gap Band, Com Funk Shun, SOS Band, Roger, Earth, Wind and Fire, Stevie Wonder, Curtis Mayfield’, etc.

RF - Alguma(s) faixa(s) em especial que você deseje comentar?

Tina - Todas as faixas desse trabalho para mim são especiais, mas a música ‘Tava Pensando’ tem algo muito importante nela, pois eu estava fechando o repertório e sentia que faltava uma música. Sentei na frente do computador pedi para que o Alpiste me mostrasse algumas músicas e quando eu ouvi o som, eu disse: é essa que eu quero! Achei a música e na hora pedi a Deus que me desse inspiração, e o Espírito Santo me disse bem alto: ‘A letra você já tem, escreve esse momento’! O meu coração se encheu de gratidão e comecei a escrever a composição que saiu em menos de 5 minutos! Só Deus para Fazer essas coisas, não é mesmo?!

RF - Um conselho para as mulheres que desejem trilhar por este caminho.

Tina - Se espelhem na única Pessoa que realmente pode fazer a diferença nas suas vidas: Jesus Cristo! Vocês vão ter sempre pessoas que vão se passar por ‘seus amigos’ dizendo que vocês não são merecedoras, que não são capazes... Deus revela tudo, não é mesmo?! (risos). Se preparem para lutar contra os demônios da inveja, do ódio e da ingratidão, pois quanto mais vocês forem abençoadas, mais vocês serão invejadas. Tem que estar cobertas com o Sangue do Cordeiro e renovando suas alianças com Ele todos os dias para trilhar um caminho como esse! ‘As pessoas mais felizes, na minha opinião, são as que estão no anonimato’. Se vocês se cansarem, descansem. Busquem o equilíbrio que é o domínio próprio. Que o Senhor renove as suas forças como renovou as minhas! E sem olhar pra trás, sigam em frente! Aceitem a vontade de Deus para as suas vidas e sejam benção para seus ‘amigos’! Um bom trabalho! Trabalhem para o Reino de Deus! Beijos e fiquem na Paz!

Saiba mais:

www.myspace.com/minadeouro

mulherpreta@hotmail.com