Boa Diversão

Zoeira Hip-hop
A jam party mais autêntica dos anos 90 está de volta ao mundo underground da Lapa...

1994. Rio de Janeiro, Lapa. Enquanto os ritmos techno, garage, ambient, acid-jazz e house embalavam as raves cariocas, uma mulher vinha na contramão das novas tendências eletrônicas com algo que até então era somente explorado em comunidades como a Cidade de Deus: o ´hip-hop`! Deste modo, acreditando na força deste movimento, a promoter ´Elza Cohen` idealiza a ´Rave Hip-hop`. Utilizando o espaço da Fundição Progresso como local inicial, e recebendo nomes como o ´DJ Paulo Futura` – um dos poucos profissionais da época a tocar hip-hop à base de vinil e pick-up –, Marcelo D2 e Gabriel O Pensador, que exercitavam o seu lado mc, Elza promovia uma autêntica “jam party” carioca, num período em que muitos críticos de eventos negligenciavam esta cultura. Nesta mesma época, paralelo a esta idéia, surge seu outro novo projeto. O ´Super Demo`. Responsável por revelar personalidades como ´O Rappa, Jorge Cabeleira e Planet Hemp` (que viabilizou inclusive o contrato da Planet junto ao selo Chaos da Sony Music), o Super Demo percorreu as cidades de Curitiba, Brasília, Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, abrigando nomes como ´Artigo 288` (extinto grupo pioneiro de rap carioca), ´Gabriel O Pensador, Skank, Pato Fú e Chico Science`, conotando assim a missão desse “lound”, que era revelar as referências da música jovem da década de 90 para empresários, selos e gravadoras. Com o término dos anos 90, o Super Demo entrou numa espécie de entre safra, abrindo uma lacuna no entretenimento underground e incentivando o desenvolvimento de um novo projeto ainda em 98: o ´Zoeira Hip-hop`! Trabalhando exclusivamente com b.boys, grafiteiros, djs e mcs, o Zoeira se tornou o cartel do hip-hop carioca, influenciando o surgimento da nova geração de hip-hoppers do estado...

´O hip-hop, ele não cabe num lugar muito sofisticado, ali na Lapa, era tipo street pra caramba, e a galera se sentia super bem por isso. Então, foi uma coisa bem informal, porque eu não fiz com grandes pretensões, foi mais pelo prazer mesmo de escutar o hip-hop, de mostrar a cultura mesmo... O Zoeira serviu bastante pra isso, tanto é que a gente recebia todo mundo que vinha de outro país, e como era num ponto central (R. Riachuelo, 19), tinha acabado de fechar o Circo Voador, a galera migrou pro Zoeira. O interessante, é que às vezes, você encontrava no Zoeira, punk, clubber, muita gente que antes tinha preconceito contra o hip-hop, e que mudaram completamente: então, é isso que é hip-hop?! Isso é muito legal! Então, muita gente inconscientemente passou a ter interesse pelo hip-hop indo no Zoeira`, relembra ´Elza Cohen`, em entrevista passada, acerca dos tempos áureos do hip-hop da Lapa. ´A gente acabou fazendo um disco que saiu na revista Trip, intitulado Zoeira Hip-hop Carioca, no final de 2001... Tinha Marechal, De Leve, A Resistência, Black Alien, B. Negão, Inumanos, 3 Preto, Anfetaminas...Nossa! Tinha tanta gente, que eu não vou lembrar de todo mundo...! Muita gente falava: nossa, mas na Trip?! Não combina! E foi uma das edições que vendeu mais, e eles tiveram que reeditar! Com isso, se mostrou que o hip-hop do Rio de Janeiro, ele tinha uma característica bem marcante`, enfatiza Elza referindo-se a importância do projeto na vida da nova geração de hip-hoppers revelados para um grande e novo público. Mas nem tudo navegava sobre o mar de flores. O espaço físico (Sinuca da Lapa) que acolhia o Zoeira foi vendido e bem similar a história do Circo Voador no passado, seus adeptos ficaram órfãos: ´Uma igreja comprou o espaço... A gente ficou sem teto, e, sabe como é o público, eles são meio acomodados – no bom sentido – com determinado espaço. As pessoas ficaram desesperadas quando acabou, e eu consegui um espaço próximo, mas não chegava nem perto do que era aquele outro no carisma. As pessoas começaram a ir, mas ninguém se achava naquele cantinho que eles estavam acostumados, alguns detalhezinhos que trouxe o desanimo de todos`, explica a promoter sobre o lamentável término do projeto.

Após vários outros eventos, organizados até para suprir a falta do Zoeira, e estender seu trabalho fora do Rio de Janeiro (São Paulo), a promoter número um do entretenimento undergound carioca está de volta com o evento mais freqüentado durante os anos 90 e 00: ´Zoeira Hip-hop`, Dia 12 de novembro, sábado, no Casarão Cultural dos Arcos – Lapa. Segundo sua assessoria, os inúmeros e-mails recebidos, durante meses a finco, solicitando o retorno do evento, fez com que Elza Cohen dinamizasse o retorno dessa idéia. Sempre antenado a modernidade, mas sem perder a essência de sua temática, o Zoeira reassume sua posição remixando o tradicional com o novo. Do clássico ao contemporâneo; da maisntream ao underground; do nacional ao internacional; do samba ao jazz e do rap aos ritmos jamaicanos, a festa pretende trazer ao seu fiel e ansioso público uma versão brazuca do que eram as festas da Zulu Nation no Bronx (NYC).

E por falar em 12 de novembro, coincidentemente ou não, a festa reinaugura no mesmo dia em que se comemora os aniversários do movimento cultural hip-hop no mundo e da própria Universal Zulu Nation, considerada a primeira escola a exercitar verdadeiramente seus elementos artísticos...

Saiba mais:
Zoeira Hip-hop (edição especial)
Dia 12 de novembro
Casarão Cultural dos Arcos- Av. Mem de Sá, 23 – Lapa
Tel: (21) 2266-1014 / 2509-1166
www.loud.com.br/casarao/
EC produções: (11) 9521-6682 / 6201-3125 ou (21) 9239-2887
elzacohen@yahoo.com.br
http://elzacohen.blogspot.com/
http://www.jotelog.cl/ecohen
http://www.myspace.com/elzacohen
http://www.stereo-tipo.com.br/
http://www.myspace.com/djzinco
Preço: 15 reais, com flyer 10 reais
Line-up
23h: DJ Castro
00h: show Medulla lançando o CD “O Fim da Trégua”
01h: MC Marechal + Aori (Inumanos) , João Velho , Oldirty Bacon e Funk
02h: DJ Zinco (Stereo-Tipo Crew/SP)
Projeção de imagens em vídeo e fotos da Zoeira Graffiti e sinuca