Boa Diversão

Para quem pensa que a diversão no Rio está restrita às festas que rolam no Circo Voador, Fundição Progresso, Riocentro e afins, está enganado. Fora desses circuitos existe uma galera empenhada em proporcionar diversão de qualidade aos cariocas. É o caso da Urcasônica Sound System, uma equipe de som que promove festas toda semana oferecendo uma nova alternativa para o público que gosta de novidade. Confira essa entrevista exclusiva com o fundador, vocalista, MC, DJ, selector, producer, promoter, Ivan Cozac, mais conhecido como Banzai.

RioFesta: Quando surgiu o Urcasônica Sound System?
Banzai: O Urcasônica Sound System surgiu oficialmente em 2002. Na época éramos Banzai, Comando Patchuko, Felipe dB, Bruno LT e mais um monte de ´crazy`. A gente já fazia festas com equipamento alugado desde 1998, sempre tocando reggae contemporâneo. Mas teve uma vez em especial num aniversário de um amigo em Búzios que a gente já tinha tudo o que precisava. Fizemos a festa e a sensação de autonomia que sentimos foi a certeza de que a partir dali éramos uma equipe de som. Pouca gente sabe, mas para ser um verdadeiro sound system, a equipe precisa ter estrutura de festa, equipamento de som, autonomia. Se não tiver, é apenas, ´crew`, coletivo. Sabe aquela galera, o Furacão 2000? Eles são um verdadeiro Sound System! Só que de batidão. Os caras não fazem apenas uma festa por vez, fazem cinco ou seis e em lugares distantes!

RF: Dentro do reggae contemporâneo existem diversas vertentes como dancehall, dub, ragga. Como é essa relação entre elas? Falem um pouco sobre o Dancehall, expliquem um pouco sobre o tipo de som de vocês?
Banzai: Da mesma forma que existe o gênero Rock e seus sub-gêneros Pop Rock, Hard Rock ou Punk Rock, existe o gênero Reggae e seus sub-gêneros que são classificados em diferentes categorias: roots, new roots, power reggae, raggamuffin, ragga, dub, dubtronics, steppers, reggaeton e dancehall, entre outros. Nós somos especializados em Dancehall que é o filho mais famoso da música Jamaicana, a evolução do reggae na sua forma mais bombástica. É um reggae que utiliza muitos elementos hip hop só que mais acelerado. Uma das músicas mais envolventes e dançantes da história das pistas! E dentro da nossa praia que é o Dancehall, nosso trabalho é escolher as melhores músicas e colocá-las nas festas dentro da nossa dinâmica de apresentação que inclui efeitos, comunicação com o público e muita ´pression`. Não somos uma banda que compõe canções dentro do estúdio, somos muito mais DJs que músicos. Somos especializados em pista, não em pose de artista.

RF: As festas que vocês promovem são bem seletas, ou seja, somente para um público que realmente curte o som. Acham que esse é o segredo do sucesso ou têm a pretensão de expandir mais, serem mais populares?
Banzai: Como dito em outras épocas: A gente não quer chegar ao ´main stream`, a gente quer fazer o underground maior. Mas quem sabe né? Nosso som agrada a gregos e troianos e se o Dancehall virou febre em tantos outros lugares do mundo, por que não aconteceria no Rio, uma das cidades mais respeitadas do planeta? Já tem um monte de ´tracks` de Dancehall tocando no rádio. Tomara que daqui a pouco nomes como Damian Marley, Shabba Ranks, Sean Paul, Elephant Man, Buju Banton, Yellow Man que estão presentes nas festas há anos, virem novidade.

RF: Acreditam que esta pode ser uma nova tendência, novas equipes de som invadirem a noite carioca?
Banzai: Isso já está acontecendo. Hoje em dia temos além do Apavoramento Sound System (que toca ´breaks` e foi o primeiro ´crew` a se transformar em equipe), e o Urcasônica Sound System (que foi a primeira equipe especializada em dancehall da América do Sul), um monte de gente que se auto-intitula um sound system: Sozalesdub, Digitaldubs, Interferência Sistema de Som, Sensorial Sistema de Som, Roots Combo. Nenhum deles tem autonomia, mas todos tem muita iniciativa e isso vai fazer toda a diferença em 2007. Já rolam várias festas legais e a bagunça (no ótimo sentido) com certeza vai ficar maior. Quem vai sair ganhando é o público que vai ter um monte de razões pra ir pra rua. É uma nova chance que esta cidade está dando para o reggae e não vamos desperdiçar. Hoje em dia somos agendados para tocar em festas de música eletrônica, temos projetos com artistas do hip hop. Isso nunca aconteceu com o estagnado e deprimente Reggae Xiboquinha. Aquele que morreu sufocado pelo forró!

RF: Quais são as principais fontes de inspiração do trabalho de vocês?
Banzai: Trabalhamos para o Brasil, não para nosso ego. Não temos vergonha de ganhar dinheiro, mas definitivamente essa não é nossa fonte de inspiração. Nosso objetivo vai além do sucesso pessoal (ou mesmo do Reggae). Lutamos pelo aquecimento cultural da cidade. Queremos fazer mais um flyer e não ter o nome impresso em mais um. Queremos mostrar aos outros produtores, que festa ainda é um bom negócio! Nossa principal fonte de inspiração é o nível de vida nos países avançados. A Música como indústria ativa, gerando empregos, além de opções para o público. A gente queria ver o Rio que nem Berlim, com um monte de festas legais, com uma juventude alegre e cheia de sonhos. E se somos parte da elite cultural dessa cidade, não vamos cruzar os braços, vamos fazer a nossa parte. Vamos lutar contra a velha verdade de que no Brasil 5% da população não tem do que reclamar, os outros 95% não têm pra quem reclamar! Não vamos salvar a cidade, mas estamos dando um excelente exemplo. No ano passado produzimos 22 projetos. Foram 185.000 flyers na rua oferecendo alternativas de diversão. E a gente se orgulha de fazer parte dessa história. Além disso, é bom demais divertir as pessoas. O sorriso delas, o suor que cai na pista já são mais do que fontes de inspiração para o nosso trabalho.

RF: Em quais lugares da cidade é possível ouvir o som do Urcasônica?
Banzai: Quinzenalmente na Melt às quartas-feiras. E no Cais do Oriente aos sábados. Mas pra quem quiser ficar por dentro do que tá rolando pela cidade, é só acessar nosso site www.urcasonica.net. É festa pura!

RF: Quais os projetos para 2007?
Banzai: Fazer muito mais festas. A música move montanhas e se nossa música é animal, com certeza podemos ajudar! Vamos tirar as pessoas de casa. É a era da diversão eficiente, inteligente e profissional ao alcance de todos. O Rio tem tudo a ver com esse balanço e essa cidade ainda vai escutar falar muito em Dancehall.